terça-feira, 8 de abril de 2008

Segunda-feira

Era mais um dia normal, em que eles acordavam juntos depois de terem dormido juntos. Mais um dos seis dias da semana em que ficavam sob o mesmo teto. Como sempre, ele pulou da cama enquanto ela enrolou um pouco mais, os clássicos cinco minutinhos a mais.


Abriu os olhos com um beijo carinhoso na bochecha, para ver que ele havia lhe trazido um copo de suco de soja. Ele insistia em fazer essa graça. Era só um copo de suco, mas gostava de dizer que sempre lhe trazia café na cama.


Ela levantou-se, resmunguenta, para lavar o rosto e começar a se arrumar. Olhos ainda semi-fechados, descabelada, tropeçando em tudo. Ele já quase pronto, a interrompe em seu trajeto, só para abraçá-la e roubar mais um beijo.


Enquanto ela se empenha em parecer menos cansada, ele a observa da porta do banheiro, já todo paramentado para mais um dia de trabalho. Ela escova os dentes e passa maquiagem sobre a pele limpa. Nada demais, mas não sai de casa sem um leve corretivo nas olheiras, rímel e blush. O gloss ela só passa depois que se despedem, porque sabe que ele não suporta a textura melada. Ou chegar no escritório com a boca brilhando...


Eles saem de casa, checando se tudo está desligado, devidamente apagado e as portas todas fechadas. Trancam a porta da rua e descem as escadas. Precisam aproveitar cada passo do breve caminho que andam juntos.


Depois das escadas, a garagem.


Depois da garagem, a rampa que leva ao portão, que leva à rua.


Do portão, praticamente contam os passos até a esquina, até a banca de jornal que marca o momento em que trocam o último beijo da manhã. Se olham por alguns instantes e então se abraçam.


Ele segue pra lá, ela pra cá. Cada um para um lado, rumo àquelas horas do dia em que precisam ficar separados.


Mais alguns passos e ambos param no lugar. Olham pra trás. Um beijinho jogado no ar, uma breve piscada, “eu te amos” murmurados dos dois lados.


Agora sim podem ir embora.