segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Abandono
Tinha tanto medo de ser deixado novamente que não poderia imaginar que a dor maior seria a de ir embora.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O Paninho Verde
O paninho verde foi visto pela primeira vez nas cercanias do quarto andar, encolhidinho no canto de um degrau. Todos passavam por ele e torciam o nariz. Era sujo e parecia muito usado, mesmo que ninguém soubesse exatamente pra que.
De onde tinha vindo o paninho verde, afinal?
O desprezo dos outros o afetava, era fácil perceber. Pobrezinho, se arrastava sem vontade pela escada. Tomava períodos longuíssimos para andar um tiquinho a mais. Coisa pouca mesmo. Em dois dias, sequer tinha conseguido chegar ao terceiro andar.
Estava obviamente em fuga, mas faltava vontade para chegar a algum lugar.
E onde queria chegar?
Pois, enquanto o coitado caminhava em sua indefinição, uma menina passou por ele e enxergou potencial. Justo naquele dia, em que ela decidiu trocar o elevador pelas escadas, lá estava o paninho verde.
Então ela o levou para casa, o lavou com um suave sabão líquido e um belo amaciante.
Hoje ele ocupa lugar de destaque em seu aparador, logo abaixo do pote de vidro onde joga as chaves assim que chega em casa.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Mais um pouco
Chegou em casa cansada. Na geladeira, o suco. No freezer, a vodka. Estava cansada, mas a cabeça não parava. Só conseguia pensar no dia seguinte, no resto da semana, em tudo que ainda tinha pra fazer. Estava cansada, mas o sono nunca vinha.
Só um gole. Pra relaxar.
Bebia e ensaiava as palavras do e-mail que precisava mandar, fazia as contas do relatório que tinha de entregar, tentava lembrar se tinha salvado aquele arquivo, se tinha desligado a máquina e trancado a gaveta. Ainda tinha chá preto na gaveta? E os bombons pra beliscar nos intervalos que se forçava a fazer?
Só mais um copo. Pra tentar esquecer.
Merda. O sono não vinha. A cabeça não parava. E os pensamentos, malditos, não se acalmavam. No fim das contas, começaram a se misturar. Entre eles e com a saudade.
Acabou o suco. Pior, acabou a vodka.
E ela continuava. Só.
Só um gole. Pra relaxar.
Bebia e ensaiava as palavras do e-mail que precisava mandar, fazia as contas do relatório que tinha de entregar, tentava lembrar se tinha salvado aquele arquivo, se tinha desligado a máquina e trancado a gaveta. Ainda tinha chá preto na gaveta? E os bombons pra beliscar nos intervalos que se forçava a fazer?
Só mais um copo. Pra tentar esquecer.
Merda. O sono não vinha. A cabeça não parava. E os pensamentos, malditos, não se acalmavam. No fim das contas, começaram a se misturar. Entre eles e com a saudade.
Acabou o suco. Pior, acabou a vodka.
E ela continuava. Só.
Assinar:
Postagens (Atom)