segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ideal

Marcos era o típico príncipe encantado. As amigas o recomendavam como o namorado perfeito. Dava presentes, era romântico, do tipo que escolhia os melhores restaurantes, vinhos, sobremesas.

Tudo para ver sua princesa feliz.

Foi assim quando namorou Carol. A carioca bonita. Marcos era companheiro quando ela precisava, por telefone, mensagem, e-mail, todo dia era como o primeiro do relacionamento.

A paixão era importante.

Então veio Marina, a gaúcha. Linda. E todo dia era pra sempre.

Patricia, Luciana, Catarina, Maria Clara, Silvia.

Todas foram amadas imensamente, paparicadas em seus sonhos pro futuro.

Marcos era o príncipe perfeito.

Seguia o roteiro perfeito.

Fazia sua mocinha feliz.

Até subirem os créditos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Limpo

Curioso o que se pega da convivência com outro alguém. Eu, que sempre odiei tomar banho logo cedo, me aprendi a só acordar depois de uma boa chuveirada. Era nosso ritual.

Faz tempo que você foi embora, mas ligar o chuveiro pra lavar os pesadelos da noite anterior foi algo de que não consegui me livrar.

Foi difícil no começo. Acordar e não precisar negociar o banheiro, quem ia primeiro, quem precisava de mais alguns minutos pra dormir.

Até que o ritual tornou-se algo só meu.

Entrar debaixo d´água pra deixar que, pouco a pouco, você saísse de mim, descesse pelo ralo, fosse pra bem longe.

Seu toque, seu cheiro, seu gosto, seu calor, seu sorriso, sua voz, seu carinho, sua presença, sua lembrança.

Tudo indo embora com a espuma do shampoo.

Mais um dia.

Mais um banho.

E eu, cada vez mais limpa.



sábado, 20 de outubro de 2012

Quase

A festa estava cheia, mas poucas eram as pessoas com quem queria conversar. Ela caminhava rumo ao bar quando foi interceptada por alguém que, tinha quase certeza, sequer conhecia.

- Eu preciso falar com você.

- Nos conhecemos?

- Não pessoalmente, mas já conversamos muito pela internet. Eu sou aquele com o avatar de super-herói.

- Ah! Sim. Claro. Prazer. 

Ela sorriu. De fato, em algum nível, eram conhecidos. 

- Você é mais bonita pessoalmente do que nas fotos. 

- Obrigada. Eu acho. 

- Sim, foi um elogio. Já te disse isso antes, eu gosto muito de você, de graça. Pelas coisas que você escreve, pelas coisas que você acredita.

- Pelo que você vê na internet? Aquilo nem sempre é verdade. Acho que já disse isso várias vezes. 

- Eu sei. Mas sei lá. Eu queria falar com você. Te conhecer pessoalmente. Ver esse teu sorriso, sentir o teu perfume. 

Ele a puxou pra perto, ela resistiu.

- Você não está acompanhado? Daquela loira saindo do banheiro?

- Não. Talvez. Sim. Mas se eu não fosse enrolado, eu faria de tudo pra você sair comigo dessa festa.

- Enrolado? Sua namorada é linda. 

- Ela é. Mas ela não é você. 

- Engraçado. Nem eu. - Ela pausou - Ainda não.

Pediu licença e seguiu seu caminho. Precisava de uma taça de vinho. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Discrição

Quando tudo acabasse, não haveria uma evidência sequer de que os dois, um dia, foram alguma coisa.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Subjetividade

Passeavam pela rua em silêncio e ele percebeu.

- Que dia é hoje? Estamos em Outubro?

- Sim.

- Faz 7 meses que me mudei pra cá. Tempo pra caralho.

- Faz 6 meses que estamos saindo.

- Nesse caso não é pouco tempo. Ainda não é o suficiente.