Abriu os olhos pra reparar que não sabia bem onde estava. Era um quarto estranho, ainda na penumbra das 6 da manhã de um horário de verão. Estava acompanhada, mas também não reconhecia o rapaz ao seu lado.
Levantou-se meio cambaleante. Talvez tivesse bebido demais na noite anterior. Onde foi mesmo? Ah, naquele bar perto do trabalho. Olhou de novo pra cama e lembrou com quem havia ido embora. João, o carinha novo do financeiro. Passou duas semanas flertando com ele até receber o convite para uma cerveja depois do expediente.
Marcela era daquelas mulheres irresistíveis. Não necessariamente linda, mas extremamente sensual e confiante. Uma jogadora nata. Fazia seus homens acreditarem que ela era a conquista, quando eram eles suas vítimas.
Poucos conseguiram passar ilesos por ela. O que queria, conseguia.
E dessa vez era João. Carioca recém-chegado em São Paulo, ainda queimado da praia que demoraria muito para rever, sotaque gostoso e aquela marra típica de homem que consegue qualquer mulher que quiser.
Marcela evitava envolver-se com colegas de trabalho, mas João era bom demais para ignorar.
Foram catorze longos dias trabalhando o terreno, se deixando ser levada. Até que, enfim, a cerveja.
Muitas cervejas. Algumas tequilas, uma dose de whisky?
O hotel perto do bar? Não. Estavam na casa dele. Havia fotos na bancada do quarto. Quis, sinceramente, que a moça na foto fosse irmã, e não uma namorada deixada no Rio. Dane-se. Problema dele, não dela.
Foi ao banheiro, fez xixi, jogou uma água no rosto e tentou entender onde estavam suas roupas no quarto ainda escuro. Tropeçou numa cadeira. Ele tinha sono pesado, ainda bem.
Vestiu-se e saiu com os sapatos na mão para não arriscar que ele acordasse com o barulho do salto.
Já eram quase 7h e ela ainda tinha que tomar banho, ir à academia e à terapia antes do trabalho.
Pensou em deixar um bilhete, mas desistiu. Escreveria o que? Pra que complicar? Se ele a procurasse no trabalho, diria que não estava procurando um relacionamento, que acabou de sair de um namoro longo.
Torceu pra que fosse uma namorada na foto.
Já estava atrasada.
E precisava de um café.
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