- E aí?
- E aí o que?
- Me conta!
- O que?
- Sobre aquela menina lá, que tava falando de você, das amigas e tal.
- Ah!
- Então?
- Sei lá.
- Parou?
- Não sei.
- Você foi lá tirar satisfação?
- Não, eu tinha um cupom pra batata frita extra naquela lanchonete perto do trabalho.
- E daí?
- Me pareceu mais importante aproveitar do que perder meu tempo com briga besta.
- Não entendi.
- Qual parte?
- Ah, até pouco tempo você tava me contando sobre o quanto ela te difamou, que você quase perdeu seu emprego por causa disso, o namorado, que sua vida tava indo pro brejo.
- Pois é.
- O que mudou?
- Eu entendi que eu não tava na quinta série.
- Oi?
- É. Não era ela que tava me causando problemas no trabalho. Ou no relacionamento. Ou na vida. Era o tempo que eu perdia com algo que deveria ser ignorado. Pensa bem. O que essa menina sabe de mim?
- Nada?
- Nada e mais alguma coisa ou outra que ela ouviu falar de sei lá quem que leu na minha rede social por causa de um compartilhamento x. Tá acompanhando?
- Acho que sim.
- Eu tava gastando energia demais com isso. Resolvi comer batata frita.
- E ela sumiu?
- Sei lá.
- Pera, meu celular tá apitando. Amiga, você não acredita. Sabe a Lurdinha?
- Ahm.
- Aquela ex-namorada do irmão da Luciana.
- Sei.
- Adivinha COM QUEM ela tá trocando mensagem. E SOBRE QUEM.
- Cara.
- Sério, você não acredita o que ela tá falando aqui.
- É sobre batata frita?
- Claro que não.
- Então foda-se.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Terapia
- Quanto tempo, Marília. A que devo a honra de sua visita?
- Visita. Visita. Não sei se gosto muito desse seu deboche, doutora. Talvez por isso tenha ficado tanto tempo longe.
- Pouco provável, se bem te conheço, deve ter algo que está atiçando sua ansiedade.
- Você realmente acha que me conhece muito, né?
- Bom, são anos sendo sua terapeuta. Seis anos, talvez?
- Quase sete.
- Perfeito. Quase sete. A que devo essa consulta? Qual é a emergência?
- O Du.
- O que tem ele?
- Ah, você sabe. Minhas amigas me mandaram mensagem pra comentar sobre a esposa dele, que eles estavam em Paris ou coisa parecida. Justo Paris.
- O que tem Paris?
- Nós sempre pensamos em viajar pra lá.
- Hum.
- O que?
- Muita gente pensa em viajar pra lá. Não é exatamente como se você tivesse exclusividade nisso. Paris.
- Você é meio insensível, né?
- Pode ser. Mas não nesse caso. Há quanto tempo vocês estão separados?
- 5 anos.
- Pois é. 5 anos.
- E?
- Quem foi que terminou?
- Eu.
- E por que?
- Porque eu tava cansada dele.
- Pois é. E?
- E o que?
- Continua, Marilia.
- O que?
- Continua, Marilia.
- Ok. Eu nunca gostei dele como ele gostava de mim.
- É isso?
- Eu nunca gostei dele. Eu fiquei com ele porque ele gostava de mim e eu nunca gostei da ideia de estar sozinha.
- Não é melhor você falar isso em voz alta?
- Não.
- Talvez por isso nós estejamos há quase 7 anos em uma conversa que mais parece aquele filme, o Dia da Marmota.
- Não sei se essa sua abordagem é muito ortodoxa.
- Interessante.
- O que?
- O quanto você odeia ser confrontada.
- Isso não é verdade.
- O que suas amigas pensam disso tudo?
- Que ele é um cretino.
- Por que?
- Por causa de tudo que ele fez comigo, é claro.
- E o que ele fez contigo?
- Isso não vem ao caso.
- É mesmo?
- Bom, elas acham que ele me abandonou quando soube que eu estava grávida.
- Um momento. Eu não lembro de ter anotado isso aqui. Grávida?
- Sim.
- Pulamos essa conversa?
- Não. Eu não estive grávida.
- E?
- Eu não queria que elas soubessem que eu tenho pavor da ideia de morrer sozinha que nem minha mãe e minha tia.
- Então é melhor mentir?
- Grande merda, elas não iam continuar falando com ele mesmo, que diferença faz?
- Meu Deus, Marilia...
- Eu acho que você está exagerando, sabe?
- Ok. E seus pais?
- O que é que tem?
- O que eles pensam disso tudo?
- Bom, meu pai acha que ele é um canalha por ter me largado, é claro.
- Por causa do bebê?
- Pirou? Você realmente acha que eu ia deixar meu pai pensar que eu tava grávida?
- Só falta você me dizer que ele ainda acha que você é virgem.
- ...
- Mesmo com vocês tendo morado juntos?
- ...
- Hum. Sua mãe?
- Eu nunca tive que dizer nada pra ela. Ele foi embora e ela entendeu que eu era a vítima. Como ela foi.
- Claro. Da última vez que você veio aqui havia um rapaz na sua vida.
- Sim, o Beto.
- E?
- Estamos namorando.
- E o que ele pensa sobre essa sua obsessão com seu ex?
- Que obsessão, doutora?
- O que ele pensa?
- Ele não sabe. Tudo que ele sabe é que minhas amigas gostam muito mais dele do que daquele canalha.
- Ok. Ainda não entendi exatamente o que te trouxe aqui, já que você insiste que não tem nenhum problema. Não pode ser só Paris.
- Não. Ele vai ser pai. Já é, na verdade. O filho dele nasceu essa semana. No dia em que eu te liguei.
- E como isso te fez sentir?
- Você sabe, nós sempre pensamos...
- Não, não é verdade. Você nunca quis ter filhos, sempre disse que não queria ser sua mãe. Chegou a pensar em soluções definitivas, eu sugeri que conversássemos mais um pouco antes de você tomar qualquer decisão tão drástica.
- Você realmente anota tudo nesse caderninho, né?
- Sabe, eu acho que você confunde um pouco terapia com uma igreja, ou algo parecido.
- Não entendi.
- Você acha que vai fazer o que te der na cabeça fora daqui, vai ignorar tudo que conversamos, vai chegar aqui e me contar tudo e eu simplesmente vou te receitar algumas coisas, umas aves marias ou coisa parecida e você vai sair daqui leve e absolvida. Não é assim que funciona. Eu acho que você conseguiu não mudar absolutamente nada a seu respeito desde que entrou aqui a primeira vez.
- Você tem certeza de que isso é apropriado para uma terapeuta?
- Talvez não seja, Marilia. Mas eu já estou me sentindo incapaz de fazer qualquer coisa por você. E eu preciso te dizer isso, não dá pra simplesmente continuar aceitando seu dinheiro sem que esse trabalho surta nenhum efeito. É pelos remédios?
- Claro que não!
- Você não pode continuar vivendo nessa fantasia. Esse mundo incrível em que você não comete erros e todo mundo que se relaciona com você é tão mal caráter, sabe? Você parece só manter por perto quem bate palma pra você dançar.
- Você acabou de me chamar de maluca?
- Claro que não, isso seria completamente inadequado.
- Ah tá! ISSO seria inadequado.
- Ok. Você acha que eu estou errada?
- Não sei.
- Você acha que eu estou errada?
- Não. Mas...
- Você tem medo de ficar sozinha.
- E se eu for honesta?
- Algumas pessoas talvez te deem as costas. Mas outras podem ficar. Você não prefere assim?
- Não sei.
- Não te cansa fingir ser outra pessoa? Pior. Não te cansa fingir ser tantas pessoas? Porque seus amigos veem uma versão de você que seus pais sequer conhecem, e nenhuma delas é real. A não ser que...
- Que o que?
- Que você também tenha uma personagem pra mim.
- Não.
- Não?
- Não, aqui eu sou eu mesma. Acho que você gritaria comigo se eu fingisse qualquer coisa.
- Que absurdo.
- O que você quer que eu faça?
- Que você fale a verdade.
- Sobre?
- Por que você está aqui?
- Porque ele não morreu.
- Oi?
- Quando eu terminei com ele. Ele disse que ia morrer sem mim. Mas ele não morreu. Ele encontrou outra. Ele se casou. Eles tiveram um filho. E eu nem posso saber se o menino é lindo ou se ele é vesgo, porque ele me bloqueou em todas as redes sociais, eu não tenho acesso a ele.
- E você o culpa?
- Não.
- Marilia, o que você tem a ver com a vida dele?
- Não deveria ter sido tão fácil ele viver sem mim.
- Você nunca gostou dele, essa moça, a esposa dele, deve gostar. Eles constituiram família. A vida deles é deles e não tem absolutamente nada a ver com você. Já se passaram 5 anos, Marilia. Desculpa eu te dizer isso, mas o mundo não gira em torno de você.
- Certeza mesmo de que esse seu método é aceitável?
- Nós tentamos abordagens mais suaves e olha no que deu.
- E o que eu faço?
- Você precisa desapegar dessas vidas paralelas, dessas suas fantasias e começar a lidar com a realidade. Mesmo que ela seja menos colorida do que esses mundos que você inventou pra viver. Precisa contar a verdade pra quem te cerca e arcar com as consequências.
- E se eu não quiser?
- Eu terei de recomendar que você procure outro terapeuta.
- Mas...
- Desculpa, eu não posso continuar. É frustrante pra mim também.
- E se eu não estiver pronta?
- Você pode ir um de cada vez. Seus amigos, seus pais, seu namorado. Mas você precisa começar. Você tem 35 anos, Marilia. E sua vida quase inteira foi perdida nessa brincadeira.
- ...
- Pode chorar.
- Você vai me abandonar.
- Não vire a mesa.
- Não estou...
- Está sim. Quase 7 anos. Fora os 56 que eu mesma já vivi.
- Ok. Você é uma cretina.
- Somos duas então.
- ...
- A diferença é que eu estou sendo uma cretina pro seu bem.
- Isso é...
- Olha! Acabou nosso tempo. Tenho outro paciente, ele já deve estar esperando. Me liga semana que vem pra marcar a próxima sessão.
- Eu odeio você.
- Considerando que todos esses anos você viveu se odiando, fico feliz com a novidade. Até a próxima sessão. Carlos! Vamos entrar? Tchau, Marilia.
- Visita. Visita. Não sei se gosto muito desse seu deboche, doutora. Talvez por isso tenha ficado tanto tempo longe.
- Pouco provável, se bem te conheço, deve ter algo que está atiçando sua ansiedade.
- Você realmente acha que me conhece muito, né?
- Bom, são anos sendo sua terapeuta. Seis anos, talvez?
- Quase sete.
- Perfeito. Quase sete. A que devo essa consulta? Qual é a emergência?
- O Du.
- O que tem ele?
- Ah, você sabe. Minhas amigas me mandaram mensagem pra comentar sobre a esposa dele, que eles estavam em Paris ou coisa parecida. Justo Paris.
- O que tem Paris?
- Nós sempre pensamos em viajar pra lá.
- Hum.
- O que?
- Muita gente pensa em viajar pra lá. Não é exatamente como se você tivesse exclusividade nisso. Paris.
- Você é meio insensível, né?
- Pode ser. Mas não nesse caso. Há quanto tempo vocês estão separados?
- 5 anos.
- Pois é. 5 anos.
- E?
- Quem foi que terminou?
- Eu.
- E por que?
- Porque eu tava cansada dele.
- Pois é. E?
- E o que?
- Continua, Marilia.
- O que?
- Continua, Marilia.
- Ok. Eu nunca gostei dele como ele gostava de mim.
- É isso?
- Eu nunca gostei dele. Eu fiquei com ele porque ele gostava de mim e eu nunca gostei da ideia de estar sozinha.
- Não é melhor você falar isso em voz alta?
- Não.
- Talvez por isso nós estejamos há quase 7 anos em uma conversa que mais parece aquele filme, o Dia da Marmota.
- Não sei se essa sua abordagem é muito ortodoxa.
- Interessante.
- O que?
- O quanto você odeia ser confrontada.
- Isso não é verdade.
- O que suas amigas pensam disso tudo?
- Que ele é um cretino.
- Por que?
- Por causa de tudo que ele fez comigo, é claro.
- E o que ele fez contigo?
- Isso não vem ao caso.
- É mesmo?
- Bom, elas acham que ele me abandonou quando soube que eu estava grávida.
- Um momento. Eu não lembro de ter anotado isso aqui. Grávida?
- Sim.
- Pulamos essa conversa?
- Não. Eu não estive grávida.
- E?
- Eu não queria que elas soubessem que eu tenho pavor da ideia de morrer sozinha que nem minha mãe e minha tia.
- Então é melhor mentir?
- Grande merda, elas não iam continuar falando com ele mesmo, que diferença faz?
- Meu Deus, Marilia...
- Eu acho que você está exagerando, sabe?
- Ok. E seus pais?
- O que é que tem?
- O que eles pensam disso tudo?
- Bom, meu pai acha que ele é um canalha por ter me largado, é claro.
- Por causa do bebê?
- Pirou? Você realmente acha que eu ia deixar meu pai pensar que eu tava grávida?
- Só falta você me dizer que ele ainda acha que você é virgem.
- ...
- Mesmo com vocês tendo morado juntos?
- ...
- Hum. Sua mãe?
- Eu nunca tive que dizer nada pra ela. Ele foi embora e ela entendeu que eu era a vítima. Como ela foi.
- Claro. Da última vez que você veio aqui havia um rapaz na sua vida.
- Sim, o Beto.
- E?
- Estamos namorando.
- E o que ele pensa sobre essa sua obsessão com seu ex?
- Que obsessão, doutora?
- O que ele pensa?
- Ele não sabe. Tudo que ele sabe é que minhas amigas gostam muito mais dele do que daquele canalha.
- Ok. Ainda não entendi exatamente o que te trouxe aqui, já que você insiste que não tem nenhum problema. Não pode ser só Paris.
- Não. Ele vai ser pai. Já é, na verdade. O filho dele nasceu essa semana. No dia em que eu te liguei.
- E como isso te fez sentir?
- Você sabe, nós sempre pensamos...
- Não, não é verdade. Você nunca quis ter filhos, sempre disse que não queria ser sua mãe. Chegou a pensar em soluções definitivas, eu sugeri que conversássemos mais um pouco antes de você tomar qualquer decisão tão drástica.
- Você realmente anota tudo nesse caderninho, né?
- Sabe, eu acho que você confunde um pouco terapia com uma igreja, ou algo parecido.
- Não entendi.
- Você acha que vai fazer o que te der na cabeça fora daqui, vai ignorar tudo que conversamos, vai chegar aqui e me contar tudo e eu simplesmente vou te receitar algumas coisas, umas aves marias ou coisa parecida e você vai sair daqui leve e absolvida. Não é assim que funciona. Eu acho que você conseguiu não mudar absolutamente nada a seu respeito desde que entrou aqui a primeira vez.
- Você tem certeza de que isso é apropriado para uma terapeuta?
- Talvez não seja, Marilia. Mas eu já estou me sentindo incapaz de fazer qualquer coisa por você. E eu preciso te dizer isso, não dá pra simplesmente continuar aceitando seu dinheiro sem que esse trabalho surta nenhum efeito. É pelos remédios?
- Claro que não!
- Você não pode continuar vivendo nessa fantasia. Esse mundo incrível em que você não comete erros e todo mundo que se relaciona com você é tão mal caráter, sabe? Você parece só manter por perto quem bate palma pra você dançar.
- Você acabou de me chamar de maluca?
- Claro que não, isso seria completamente inadequado.
- Ah tá! ISSO seria inadequado.
- Ok. Você acha que eu estou errada?
- Não sei.
- Você acha que eu estou errada?
- Não. Mas...
- Você tem medo de ficar sozinha.
- E se eu for honesta?
- Algumas pessoas talvez te deem as costas. Mas outras podem ficar. Você não prefere assim?
- Não sei.
- Não te cansa fingir ser outra pessoa? Pior. Não te cansa fingir ser tantas pessoas? Porque seus amigos veem uma versão de você que seus pais sequer conhecem, e nenhuma delas é real. A não ser que...
- Que o que?
- Que você também tenha uma personagem pra mim.
- Não.
- Não?
- Não, aqui eu sou eu mesma. Acho que você gritaria comigo se eu fingisse qualquer coisa.
- Que absurdo.
- O que você quer que eu faça?
- Que você fale a verdade.
- Sobre?
- Por que você está aqui?
- Porque ele não morreu.
- Oi?
- Quando eu terminei com ele. Ele disse que ia morrer sem mim. Mas ele não morreu. Ele encontrou outra. Ele se casou. Eles tiveram um filho. E eu nem posso saber se o menino é lindo ou se ele é vesgo, porque ele me bloqueou em todas as redes sociais, eu não tenho acesso a ele.
- E você o culpa?
- Não.
- Marilia, o que você tem a ver com a vida dele?
- Não deveria ter sido tão fácil ele viver sem mim.
- Você nunca gostou dele, essa moça, a esposa dele, deve gostar. Eles constituiram família. A vida deles é deles e não tem absolutamente nada a ver com você. Já se passaram 5 anos, Marilia. Desculpa eu te dizer isso, mas o mundo não gira em torno de você.
- Certeza mesmo de que esse seu método é aceitável?
- Nós tentamos abordagens mais suaves e olha no que deu.
- E o que eu faço?
- Você precisa desapegar dessas vidas paralelas, dessas suas fantasias e começar a lidar com a realidade. Mesmo que ela seja menos colorida do que esses mundos que você inventou pra viver. Precisa contar a verdade pra quem te cerca e arcar com as consequências.
- E se eu não quiser?
- Eu terei de recomendar que você procure outro terapeuta.
- Mas...
- Desculpa, eu não posso continuar. É frustrante pra mim também.
- E se eu não estiver pronta?
- Você pode ir um de cada vez. Seus amigos, seus pais, seu namorado. Mas você precisa começar. Você tem 35 anos, Marilia. E sua vida quase inteira foi perdida nessa brincadeira.
- ...
- Pode chorar.
- Você vai me abandonar.
- Não vire a mesa.
- Não estou...
- Está sim. Quase 7 anos. Fora os 56 que eu mesma já vivi.
- Ok. Você é uma cretina.
- Somos duas então.
- ...
- A diferença é que eu estou sendo uma cretina pro seu bem.
- Isso é...
- Olha! Acabou nosso tempo. Tenho outro paciente, ele já deve estar esperando. Me liga semana que vem pra marcar a próxima sessão.
- Eu odeio você.
- Considerando que todos esses anos você viveu se odiando, fico feliz com a novidade. Até a próxima sessão. Carlos! Vamos entrar? Tchau, Marilia.
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