Carol devia ter seus 3 anos de idade e já entrou no vagão do metrô, com sua mãe e os 3 irmãos, aos prantos. Chorava tanto, que seu nariz escorria.
Seriam invisíveis, se não carregassem tantas coisas e não estivessem sujos. Daí se tornaram incômodos. Os que não os ignoravam, lançavam olhares de pena. Eu apenas os observava.
Carol trocava as perninhas com o sabido desespero de quem precisa muito fazer xixi. A mãe dizia que a tia lhe havia sugerido que ficasse, mas ela preferiu ir embora, agora teria de esperar chegar.
- A Sé é a próxima? - perguntou a mãe.
- Ainda faltam 4 estações. - Respondi, enumerando cada uma.
- Falta pouco, Carol, segura, não pode fazer xixi aqui.
A menina só chorava e andava de um lado pro outro.
Quando o metrô chegou à Sé, tirei a mala do caminho para que a mulher pudesse passar com todas as sacolas e crianças. Carol foi a primeira a correr pra plataforma, transformando a primeira pilastra que achou em banheiro. Ao me ver mexendo na mala, o irmão mais velho sorriu pra mim:
- Você também vai descer aqui?
Disse que não, mas acenei uma despedida. Ele continuou acenando até o trem partir.
Enquanto uns se divertiam com a menina fazendo xixi na estação, eu só conseguia ver o rosto daquele menininho, com a ingenuidade que só uma criança consegue ter.
Chorei até a estação Tietê.
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