Podia ouvir as mulheres na mesa ao lado reclamando dos maridos e namorados, da falta de atenção, de carinho, que as trocavam por qualquer jogo de segunda divisão de campeonato, ou pelada com os amigos.
Esqueciam datas importantes, e até mesmo de avisar que se atrasariam pro jantar.
Compravam os presentes errados, por estarem ocupados demais pra prestar atenção quando sutilmente sugeriam exatamente o que queriam ganhar, em detalhes de cor e tamanho.
Não sabiam suas comidas, cores, músicas ou programas de TV favoritos, e sempre achavam que qualquer alteração de humor eram porque estavam naqueles dias.
Pensou na conversa que tivera com o seu namorado no dia anterior, pelo Skype, em como contaram um pro outro sobre seus respectivos dias, o que haviam feito, sobre como falavam sobre tudo. Em como ele reparava em qualquer mudança que fizesse na sobrancelha; como dizia que seu cabelo curto tinha ficado lindo, por mais que adorasse um cabelo comprido; em como a achava linda de preto, por mais que preferisse cores mais vibrantes; em como elogiava suas unhas azuis, mesmo preferindo esmaltes vermelhos; em como sempre avisava que não chegaria em casa cedo, apesar de estar em outra cidade e isso não afetar os planos do jantar.
Percebeu que, por mais que a saudade fosse companheira constante, a distância não era, nem de longe, o maior problema em um relacionamento.
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