O paninho verde foi visto pela primeira vez nas cercanias do quarto andar, encolhidinho no canto de um degrau. Todos passavam por ele e torciam o nariz. Era sujo e parecia muito usado, mesmo que ninguém soubesse exatamente pra que.
De onde tinha vindo o paninho verde, afinal?
O desprezo dos outros o afetava, era fácil perceber. Pobrezinho, se arrastava sem vontade pela escada. Tomava períodos longuíssimos para andar um tiquinho a mais. Coisa pouca mesmo. Em dois dias, sequer tinha conseguido chegar ao terceiro andar.
Estava obviamente em fuga, mas faltava vontade para chegar a algum lugar.
E onde queria chegar?
Pois, enquanto o coitado caminhava em sua indefinição, uma menina passou por ele e enxergou potencial. Justo naquele dia, em que ela decidiu trocar o elevador pelas escadas, lá estava o paninho verde.
Então ela o levou para casa, o lavou com um suave sabão líquido e um belo amaciante.
Hoje ele ocupa lugar de destaque em seu aparador, logo abaixo do pote de vidro onde joga as chaves assim que chega em casa.
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