terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Das idas benvindas...

Despedidas são despedidas. Não importa se são “Adeus, tenha uma boa vida”, “Até logo, nos vemos mais tarde” ou “Espero que um dia nos vejamos de novo”. Despedidas são despedidas.

Envolvem a separação dos corpos, a separação das almas, representam um fim.

Para quem vive intensamente cada momento, compreendendo que o mais ínfimo segundo pode conter uma eternidade única que jamais se repetirá no segundo seguinte ou em outro segundo qualquer, uma despedida é catártica. Além do fim, representa uma morte.

A morte do que existia ali, naquele instante. Até aquele instante. O que estava cheio de súbito se esvazia. Cheio do que quer que fosse. Seja amor, paixão, tesão, ou simples possibilidades. Mas possibilidades nunca são simples...

Muitas vezes, é mais difícil desfazer-se dos “quem sabe”, “talvez”, “imagina se fosse” do que daquilo que realmente estava lá e de repente já tinha deixado de ser a razão do seu sorriso furtivo no meio do dia.

O possível ainda habita o campo da fantasia, nos permite sonhar, mesmo que escondido, pra que ninguém jogue areia ou água fria em nossas idéias secretas e tolas, infantis e perfeitas demais.

E o instante que imediatamente segue a despedida, aquele primeiro instante em que você se vê sozinho, é quando o peso das expectativas que até então haviam sido ignoradas se joga com toda a força sobre seus ombros, senta-se em seu peito como um enorme elefante. O emocional toma de assalto o lugar que até então era reinado soberanamente pela razão.

É tristeza? Depressão? Não.

É uma ressaca pós-despedida. Que nos acomete exatamente quando constatamos o vazio deixado pelas possibilidades. Como se nos tivessem sido elas tiradas não uma a uma, mas de uma só vez.

Mas todo vazio abre espaço a ser preenchido. Todo fim abre caminho pra um novo começo.

Essa dor é uma dor sentida só pelos que têm a coragem e o prazer da entrega por inteiro, sem ressalvas. Receber é bom. É bom demais.

Mas nós existimos temporariamente por aquilo que recebemos. E vivemos pra sempre naquilo que damos...

Pois que doa...

6 comentários:

Anônimo disse...

"... and in the end, the love you take is equal to the love you make". Ou na minha versão, "... the love you take is equal to the love you fake".

Quem vive cada momento intensamente sempre terá um momento seguinte. Não que esse nos faça esquecer o anterior, mas o que fica do passado é a lembrança da sensação. E, embora pessoas cheguem e vão a todo instante, sensações se repetem e preenchem as lacunas que as pessoas deixaram.

Pat Pierro disse...

Gosto das despedidas... não que eu seja uma masoquista, não não!

Gosto da idéia de que algo aconteceu, teve início, meio e - porque não? - um fim. Sabe-se lá se não é uma pausa disfarçada de fim?

Gosto delas, pois fazem parte das tentativas. E fico feliz por você estar fazendo as suas tentativas. É como eu costumo pensar (e para poucos, dizer): vai lá e tenta.

Beijo!

Meu Blog Chegou disse...

Excelente texto. Gostei muito e vou voltar pra ler mais! Ah, obrigada pela visita.

Bjs!

wingnux disse...

VC TEM BLOG TB??????

RAZZOOOOOOOO!!!!!! =)

Anônimo disse...

"Songs that linger on my lips
Excite me now and linger on my mind.
Leave your flowers at my door;
I leave them for
The one who waits behind.
Goodbye, goodbye,
Goodbye, goodbye,
Goodbye, goodbye, my love, goodbye."
(Paul McCartney, 1969)

Maurilio disse...

Esse post ainda não perdeu a validade (depois de ter varado mais de 4 anos no tempo), nem a força (mesmo que delicado), nem a completitude (ainda que pequeno).