Piscou a janelinha do mensageiro e Marina viu o nome de Carlos conversando com ela. Era a primeira vez em quase 7 meses desde que se separaram.
- Saudade de você descalça pela nossa casa.
- Você odiava meus pés.
- Eu odeio pés.
- E a casa era minha.
- Eu passava mais tempo nela do que na minha, já via como minha casa.
- Eu passo mais tempo na agência do que em casa e nem por isso considero minha.
- Meu Deus, tinha esquecido como você é exagerada, Marina.
- O que você quer, Carlos? Eu esqueci de te devolver a camisa do Boca?
- Você tava com a camisa do Boca?
- Não.
- Marina?
- Sim, mas não pretendo devolver.
- Saudade de você com a minha camisa do Boca.
- Não vou te devolver.
- Quero te convidar pro lançamento do meu livro.
- Você escreveu um livro?
- Sim.
- Sobre?
- Em grande parte, sobre você.
- Que?
- Você foi um capítulo importante da minha vida. Tomei liberdade poética pra te transformar num livro todo.
- Puta que pariu.
- Que?
- Sou uma bruxa? Um alienígena devorador de almas? Algo tipo o predador? O que você fez, Carlos?
- Tinha esquecido como você era dramática.
- Carlos?
- Você é a heroína, Marina. É uma história de amor. Eu acho.
- Que?
- Eu te amo, Marina. Sempre te amei. Não te amo do mesmo jeito. Mas sempre vou te amar.
- Quando é o lançamento?
- Sábado.
- Ok.
- Mandei o convite pro seu escritório.
- Ok.
- Ok?
- Ok, ué. Até eu ter lido o livro, é ok. Estarei lá.
- Ok. Saudade de você andando descalça pela nossa casa.
- Eu não vou devolver a camisa. Bjs
- Ok. <3
Um comentário:
Papos virtuais de ex são tão superficiais e ao mesmo tempo exagerados. Acho que é mais ou menos isso que você retratou aqui, mas com uma diferença: tem um charme latente em cada fala.
Eu gosto de quem consegue escrever leve assim.
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