Era sábado de jogo, mas também era sábado de feijoada.
A fome era muita, o tempo apertado e a cerveja, ainda mais naquele calor, estupidamente gelada.
Quem resiste a uma comida bem temperada e uma cerveja gelada?
A companhia, nem precisava dizer, era a melhor do mundo. Mas nem as gargalhadas os faziam tirar os olhos do relógio.
16h apitaria o juiz para o começo da partida.
Perderiam os primeiros minutos. tudo bem. Não é como se o time estivesse fazendo valer tanta a pena.
Mas paixão é aquela coisa, a gente ignora as evidências e os resultados.
Começo lento e cadenciado, os jogadores correndo em campo como carneirinhos a serem contados, tudo pra embalar seu sono que, obviamente, a venceu.
Ela dormiu o primeiro tempo inteiro, deixando pra ele a árdua tarefa de torcer pelos dois.
Foi acordada no susto por um grito de gol.
Anulado, mas suficiente pra que desistisse de dormir.
Ele inclinou-se sobre ela no sofá e começou a beijá-la.
GOOOOOOOOOOOOOOOOL!
Dessa vez válido.
- Você vai ter que me beijar de novo, foi o que deu sorte.
Não por isso, pôs-se a beijá-la novamente.
GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!
36 minutos. Ainda daria tempo de virar.
Estabeleceu acampamento ali em seu pescoço e boca. Melhor não arriscar.
Falta.
O melhor cobrador a postos. Beijos. Beijos. Beijos.
Trave.
Quase virou.
Quase.
Apitou o final de jogo. Juiz ladrão.
Tudo bem, ao menos não perderam.
- Sabe, amor, acho que teremos de ver todos os jogos do campeonato juntos. E toda vez que o time estiver no ataque você deveria me beijar. - Ela sugeriu em um argumento malandramente vazio.
- Nossa. Mas vai ser horrível ter que fazer esse sacrifício todo, te beijar a cada ataque. - Ele quis ser engraçado.
- Eu sei. - Ela se fez de sonsa antes do golpe final. - Mas faz pelo Flamengo.
Esse tinha tudo pra ser o melhor campeonato.
2 comentários:
Devo dizer que cheguei ao seu blog através da Deka. Ela sempre faz algumas sugestões de leitura e eu acabei caindo por aqui.
E gostei do que encontrei, talvez por ser um discurso diferente do que leio diariamente.
Peço desculpas por não comentar sempre mas entendo a importância disso pra quem escreve, principalmente quando é bom.
A analogia da companhia com o futebol é bonita de ler, a gente vê que não é forçado pra parecer coerente, é simplesmente natural.
Parabéns.
O texto é perfeitamente lindo... Tem um linguagem simples e é gostoso de ler. Não conhecia seu blog, mas agora vai pra lista dos favoritos.
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