quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Aniversário

- Um ano já.

Ela comentou como se fosse nada.

- Um ano? - Ele beijou-lhe o pescoço. - Verdade. Um ano...

- Passou rápido, né?

- Passou. Quem diria...

- Bom, eu diria. Eu soube desde o primeiro dia.

- Soube?

- Sim, desde aquele café. Na hora em que você cheirou meu cabelo eu soube que ia me apaixonar por você. E que você era o cara.

- Eu não cheirei seu cabelo.

- Tá.

- Sério.

- Tá.

- Tá, eu cheirei seu cabelo. - Disse afundando o rosto em seu pescoço pra repetir o momento. - Você tava tão cheirosa aquele dia. Que nem agora.

- Eu sou cheirosa.

- Eu sei.

- Mas como eu dizia, eu sempre soube.

- Eu tive minhas dúvidas.

- Hein?

- Eu jurei que a gente fosse dar errado.

- Jurou que a gente fosse dar errado? Como assim? Quando?

- Ah, lá no comecinho. A gente era muito diferente. É muito diferente.

- Diferente em que?

- Em muita coisa. Em tudo. Sei lá. Eu achei que fosse dar errado.

- Me dá um exemplo.

- Para, cara. Não vem ao caso.

- Como assim não vem ao caso? Você achou que a gente fosse dar errado!

- Mas isso foi lá no começo. Bem no começo. Tem um ano já, cara. Deixa isso pra lá.

- Claro, deixa pra lá. Eu aqui contando uma história desse relacionamento e você me diz que não é nada disso.

- Hein?

- Ah, eu sempre achei que tivesse sido amor à primeira vista, arrebatador, blablabla. Você sabe a história. Eu conto o tempo todo.

- Mas foi assim. Eu me apaixonei por você desde o café. Desde o dia em que eu não cheirei seu cabelo.

- Aham.

- Foi sim. Eu só achei que ia dar merda.

- Porra.

- Que?

- Primeiro era dar errado. Agora é dar merda.

- Qual a diferença?

- Deixa pra lá.

- Lá vem.

Silêncio.

- Psiu.

- Oi.

- Que foi?

- Nada.

- Nada é o cacete. Você tá puta.

- Tô não.

- Tá sim, te conheço. Tá quieta, tá puta.

- Nem. Tô tranquila. Só aproveitando o momento.

- Que momento?

- Tô aqui registrando mentalmente a primeira vez em que eu estive certa nesse relacionamento. E você errado. Erradíssimo, na verdade. Absolutamente errado.

- Oi?

- É. Só você mesmo pra achar que a gente não ia dar certo.

- Hahahahahaha...

- Óbvio que a gente ia dar certo.

- Você é um gênio, amor.

- Um ano.

- Verdade...

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