Vinicius entrou em casa pra encontrar Mariana sentada num canto do sofá, aos prantos.
- Amor? Ce tá bem?
- Eu - soluço - nãããããããããão!!!! - agudo.
- Calma, Mari! O que aconteceu?
- Eu - mais soluços - iiiiiiiiiiiiiiiiih - ruído incompreensível.
- Respira. Calma. Respira.
Mariana respirou. Tomou fôlego. Quinze minutos depois, já aconchegada no peito de Vinicius, declarou:
- Eu quebrei sua caneca.
- Minha...
- Ai, amor, eu tava lavando a louça e fui mexer na pilha que você deixou no canto da pia e eu já liguei pra minha mãe e...
- Pera. A caneca que meu pai me deu?
- É, deixa eu terminar de arrumar a mala.
- Mari, senta. Pra que você vai arrumar mala?
- Eu vou ficar na mamãe, eu quebrei sua caneca.
Vinicius riu.
- Cara, você acha o que? Que a gente vai brigar? Que eu vou, sei lá, TERMINAR com você?
- Você amava a caneca.
- Mas eu amo você bem mais.
- Awn. Você não tá bravo?
- Não. Eu tô PUTO. Tô puto pra caralho. Mas, cara. Era uma caneca, sabe?
- Ai, amor, desculpa. Te amo, eu tava tentando fazer uma coisa bonita, legal, só fiz merda.
- Tranquilo. Mas por que você tava lavando louça?
- A Lurdes não veio. Disse que o neto tava com dor de dente.
- Entendi. Bom. Talvez seja interessante comprar uma máquina de lavar, hein?
- Ai, jura? Eu até vi umas tão legais na internet...
- Depois manda o link. Vamos ver o preço.
- Tá!
Vinicius se dirigiu à cozinha, pra avaliar o estrago, se despedir da caneca, essas coisas.
- Amor?
- Oi!
- Você me trouxe flores.
- Trouxe.
- Por que?
- Como assim por que?
- Não é data especial, não é meu aniversário, nem aniversário de namoro, nem nada demais.
- Ahm.
- O que você fez?
- Como?
- O que você fez?
- Mariana, você realmente tem a cara de pau de sugerir que eu teria te trazido flores pra encobrir alguma coisa errada? Qual o seu problema?
- Você nunca me dá flores, Vinicius. Coisa boa não deve ser.
- Quer saber, Mariana? Eu vou dar uma volta.
- Mas você acabou de chegar.
- Pra você ver. Tchau.
- Amor?
- Que? - Perguntou já com a porta aberta, um pé fora de casa e o outro prestes a seguir.
- Eu tô sem calcinha.
- Tem um vinho na geladeira, pera. Vou abrir.
Vinicius fechou a porta e foi lamentar a caneca quebrada.
Ou quase isso.
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