- Mari?
- Oi, amor.
- Eu fui tentar pegar uma roupa no armário agora e percebi que tem um bloqueio na frente das gavetas.
- Hum.
- Tem algum motivo pra isso?
- Aaaaah! Sim, sim, claro.
- Você pretende me contar?
- Pera um segundo, tenho que terminar de mexer essa mistura na panela.
- O que você tá fazendo?
- Brigadeiro.
- Hum.
- Pronto. Então, Zeca. Eu tô com um projeto.
- Lá vem.
- Fica quieto.
- Tá.
- Eu vou resolver os problemas de decoração da casa.
- Com rolos de papel higiênico e caixas de papel?
- Aham.
- Tem maconha nesse brigadeiro?
- HA HA HA.
- Acho uma pergunta válida.
- Não, José Carlos. Eu tô com tudo desenhado na minha cabeça e ainda por cima serei sustentável. Você deveria se orgulhar da minha iniciativa, em vez de ficar debochando de mim.
- Mari, isso é tipo aquela vez em que você resolveu que ia fazer tricô pra economizar nas roupas de frio?
- Pode falar, mas você adora aquele poncho que eu fiz pra você.
- É um cachecol.
- A receita do poncho era impossível e o cachecol ficou lindo.
- Cabe só no cachorro, mas é lindo mesmo.
- Ele arrasa quando passeia no inverno, eu vejo a inveja nos outros cachorrinhos.
- Claro. Teve também a vez em que você resolveu que ia fazer geléia em casa, porque as que tinham no mercado eram muito cheias de açúcar e sei lá mais o que.
- Você adorou as geléias que eu fiz!
- A geléia. A geléia. Você jogou mais fruta fora do que conseguiu botar nos potinhos.
- Tá bom, Zeca. Tá bom.
- Mas tava gostosa. Eu jamais teria pensado que geléia de fruta do conde ficaria boa.
- Eu sou criativa.
- Tipo quando você decidiu que todos os móveis da casa seriam de pallet e caixa de feira. Acho que eu guardei os desenhos pro sofá em algum lugar...
- Se a gente não tivesse achado aquela super liquidação de móveis naquela loja nossa sala seria motivo de conversa entre todos os amigos.
- Com certeza.
- O que você está insinuando,\José Carlos? Eu senti o deboche nessa sua entonação.
- Mari?
- Que?
- Por que você não admite que seus projetos são furados?
- Que absurdo!
- Sério, meu amor. Você é engenheira, qual o problema de admitir que você é melhor com números do que com origami?
- Dessa vez vai ser diferente.
- Por que?
- Porque eu achei um blog.
- Ai, cacete.
- É sério. Ele tem todos os passos explicadinhos do que fazer, com vídeos e fotos. É demais.
- Que porra de blog é esse?
- Esse aqui, ó.
- Aaaaaaaaaaaah!
- Que?
- Você não vai acreditar.
- O que?
- É uma coincidência engraçada.
- O que?
- Esse blog.
- Ahm.
- É da minha ex. A Carol.
- Carol Marques é a sua Carol Marques?
- Aham.
- Hum.
- Que?
- Que dia é hoje mesmo?
- Quarta.
- Gente, que coincidência.
- O que?
- É dia de passar o caminhão da coleta seletiva. Deixa eu aproveitar pra botar aquela papelada toda na lixeira antes que eles passem. Nossa! Já são 9h, deixa eu correr!
Um comentário:
Ri muito!!
Me identifiquei umas três vezes com as amigas falando disso com os namorados!
Tudo muda quando a distância entre as coisas diminui, não é?
Abraços,
@cmmarcondes
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