segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Flerte

Estava dando seu nome e número de documento à recepcionista quando o viu entrar no prédio. Olhou rapidamente em sua direção e logo o reconheceu. Ficou surpresa, na verdade, ao perceber que num olhar igualmente breve ele também a reconheceu, mesmo depois de tanto tempo. O rosto corado a levou a pensar que ele havia gostado de vê-la de novo. O esbarrão que deu na parede por continuar olhando em sua direção a fez ter certeza.

Já não se viam desde o pré-vestibular, coisa de mais de dez anos, mas ambos haviam mudado pouco. Ela sempre o achara interessante. Um garoto bonito que se tornou um homem lindo. Mais ainda com o terno, a gravata e os óculos. Sempre tivera uma queda por homens de óculos.

Ele devia estar chegando do almoço com os colegas, a cumprimentou com um sorriso tímido e seguiu em frente. A recepcionista ainda demoraria a liberar sua entrada, não daria tempo de se esbarrarem no elevador. E ela só conseguia lembrar seu primeiro nome. Por mais incomum que fosse, não seria suficiente para que ela o encontrasse. Mesmo em um prédio pequeno, com poucas empresas.

Lembrou-se da amiga que fora sua vizinha durante um bom tempo e perguntou se ela ainda sabia o sobrenome do menino bonito que morava no apartamento do lado. Ela sabia.

E então ela tinha em mãos seu nome. Só faltava a coragem para fazer alguma coisa com a informação. Estava ali para uma reunião e, enquanto conversava com o cliente, pensava nos olhos azuis, nos cabelos loiros, e nos óculos.

Quando saía do prédio, respirou fundo e decidiu fazer algo que jamais fizera em sua vida. Pegou seu cartão de visitas e anotou seu celular e um recado.

Pediu à recepcionista que entregasse a ele. É claro que ela sabia de quem se tratava, impossível um homem daqueles passar despercebido.

“Bom te ver de novo, mesmo que tão rapidamente. Meu contato, vamos combinar alguma coisa, lembrar dos velhos tempos.”

Agora a bola estava no campo dele, ela pensou. Saiu segura de si, mesmo que ele não ligasse, simplesmente por não ter tido medo de se arriscar.

No dia seguinte, ele ligou.

2 comentários:

sula disse...

Sempre passo para dar uma olhadinha no seu blog... A primeira vez, olhei por curiosidade. Agora, leio mesmo por vontade! Adoro seu jeito de escrever,o modo pelo qual suas histórias são sempre muito bem contadas.

Beijos,

Sula do leo.

ps. esse "do leo" foi só para vc me identificar.. nada de me definir como propriedade não! hehehe =]

Priscila Brasil disse...

Gente, que feliz que ele ligou!
hahahah

Quando você se envolve demais com histórias e passa a tratá-las como verdadeiras.
Você escreve tão bem!