Madalena sentia falta das coisas simples da vida, dos sentimentos leves.
Sempre foi namoradeira, não era a solidão que a incomodava. Era bonita, inteligente, não faltavam homens - e até algumas tantas mulheres - atrás dela.
Mas a vida já tinha sido menos complicada.
Foi logo depois de terminar um relacionamento de quase três anos que percebeu que a rotina a incomodava. Acostumou-se além da conta àquele amor confortável demais, sem poesia, sem surpresa. Ela sabia tudo dele, e ele dela.
Não tinham mais de se conquistar.
Madalena não era mulher de contentar-se com pantufas num dia frio, palavras cruzadas debaixo do cobertor, mais uma conversa sobre a semana cansativa. E só. Ela queria isso, sim. Mas não só.
Ela queria mais. Ela queria paixão.
Precisava de algo que a puxasse.
Empurrasse.
Desafiasse.
Movesse.
Ele ligou pra ela. Pra saber se ela tinha certeza do que estava fazendo, se entendia do que estava abrindo mão.
Ela sabia. Pediu que deixasse suas coisas com o porteiro naquela tarde, já que não estaria em casa.
Madalena sentia falta das coisas simples.
Mas antes precisava sentir-se novamente leve.
Começar de novo, fazer diferente.
Da porta do avião, olhou pra fora, olhou pra baixo.
- Pronta? No 3. 1... 2... 3... HEY! HO!
E lá estava Madalena.
Em queda livre.
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