Abri a gaveta procurando aquela pulseira de acrílico e achei nossa única foto. Guardei ali pra não ter que olhar como um dia fomos felizes.
Naquele dia fomos impossivelmente felizes.
Lembrei do parque de diversões lotado, das filas intermináveis pelos brinquedos e de comer antes de subir na montanha russa, rebeldia besta.
Você tentando me ganhar o ursinho e eu te dizendo que não tinha problema não ter conseguido, por causa da minha alergia.
Naquele dia você foi ridiculamente romântico.
Foi quando me chamou de amor pela primeira vez, e eu te passei sorvete no nariz, só pra mudar de assunto.
Quem queria falar de amor num parque de diversões?
Ali escolhemos a nossa música, aquela do brinquedo mais chato.
E aí achamos a cabine de fotos. "Querem registrar o dia?", perguntou o moço de cartola e fraque. Nos olhamos e pareceu apenas necessário que tanta alegria ficasse guardada pra sempre de alguma forma.
Quatro cliques. Quatro poses. Uma história.
Naquele dia, fomos um casal.
Não achei a pulseira. Olhei a foto mais um pouco e tudo pareceu tão distante.
Fiquei na dúvida entre rasgar a memória ou guardá-la mais um tempo. Achei melhor deixá-la ali.
Só pra me lembrar de quem você não é.
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