- Te quero.
Eram duas da manhã quando o telefone tocou.
- Eu tava dormindo.
- Tava. Isso vai ser melhor que dormir. Acorda.
Verdade. Seria. Ela sabia, mas não queria dar a ele o gostinho de admitir que ficava excitada com o som de sua voz nessas ligações de madrugada. O coração disparava e ela sabia bem que não era paixão.
- Onde você tá?
- Aqui embaixo, abre a porta pra eu subir.
Maldito. Ele sabia bem como ela gostava das preliminares.
- A casa tá...
- Cala a boca, não vim aqui pra ver a decoração do apartamento. Já conheço teu apartamento. O que me interessa tá aqui.
Cretino. Já foi logo botando a mão por baixo de sua camisola, arrancando sua calcinha ainda na sala.
- Shiu, tem gente em casa. Vem pro quarto.
Gostoso. Suas mãos a conheciam como se a tivesse feito só pra ele. Ela sabia que não adiantava resistir. Ali ela deixava todo aquele seu jeito abusado e quase não precisava dizer o que ele deveria fazer.
Quase.
- O que você quer?
- Você sabe? - Ela disse.
- Ainda não.
Deus. Era praticamente impossível pensar quando ele a segurava forte pelo quadril, pouco se importando se as unhas deixariam marcas, enquanto sua língua deixava claro porque ela sempre atendia suas ligações. Ele sabia o que ela queria. Ele sabia.
Ele sabia.
- Vem cá. - Ela convidou ofegante.
Ele sabia que no dia seguinte eles voltariam a ser apenas amigos, mas ali, naquele momento, ela era sua. Pra que pressa?
- Calma. Tá com pressa?
- Não. - Ela mentiu. Não era pressa. Ou talvez fosse. Que diferença fazia?
- Então calma.
Amanhã.
Agora não.
Ainda não.
Um comentário:
Amanhã: o dia que, por direta definição, nunca chega. E que muitas vezes quando se faz em hoje, já está muito atrasado.
Tempo, tempo, tempo, tempo....
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