quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Amanhã

- Te quero.

Eram duas da manhã quando o telefone tocou.

- Eu tava dormindo.

- Tava. Isso vai ser melhor que dormir. Acorda.

Verdade. Seria. Ela sabia, mas não queria dar a ele o gostinho de admitir que ficava excitada com o som de sua voz nessas ligações de madrugada. O coração disparava e ela sabia bem que não era paixão.

- Onde você tá?

- Aqui embaixo, abre a porta pra eu subir.

Maldito. Ele sabia bem como ela gostava das preliminares.

- A casa tá...

- Cala a boca, não vim aqui pra ver a decoração do apartamento. Já conheço teu apartamento. O que me interessa tá aqui.

Cretino. Já foi logo botando a mão por baixo de sua camisola, arrancando sua calcinha ainda na sala.

- Shiu, tem gente em casa. Vem pro quarto.

Gostoso. Suas mãos a conheciam como se a tivesse feito só pra ele. Ela sabia que não adiantava resistir. Ali ela deixava todo aquele seu jeito abusado e quase não precisava dizer o que ele deveria fazer.

Quase.

- O que você quer?

- Você sabe? - Ela disse.

- Ainda não.

Deus. Era praticamente impossível pensar quando ele a segurava forte pelo quadril, pouco se importando se as unhas deixariam marcas, enquanto sua língua deixava claro porque ela sempre atendia suas ligações. Ele sabia o que ela queria. Ele sabia.

Ele sabia.

- Vem cá. - Ela convidou ofegante.

Ele sabia que no dia seguinte eles voltariam a ser apenas amigos, mas ali, naquele momento, ela era sua. Pra que pressa?

- Calma. Tá com pressa?

- Não. - Ela mentiu. Não era pressa. Ou talvez fosse. Que diferença fazia?

- Então calma.

Amanhã.

Agora não.

Ainda não.




Um comentário:

Maurilio disse...

Amanhã: o dia que, por direta definição, nunca chega. E que muitas vezes quando se faz em hoje, já está muito atrasado.

Tempo, tempo, tempo, tempo....