quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Filosofia que nada...

De acordo com a Wikipédia, o pontilhismo é uma técnica de pintura em que pequenas manchas ou pontos de cor provocam, pela justaposição, uma mistura óptica nos olhos do observador.

Trata-se de uma conseqüência extrema dos supostos ensinamentos dos impressionistas, segundo os quais as cores deviam ser justapostas e não entremescladas, deixando à retina a tarefa de reconstruir o tom desejado pelo pintor, combinando as diversas impressões registradas.

A técnica de utilização de pontos coloridos justapostos também pode ser considerada o ponto máximo do desprezo dos impressionistas pela linha, uma vez que esta é somente uma abstração do Homem para representar a natureza.

Sonolenta, hoje pela manhã, me peguei pensando sobre o quanto nada de extraordinário acontecia no caminho... Nada para observar, apenas as pessoas sendo normais. Mas calma lá... As pessoas não são normais! Apenas escondem suas anormalidades e defeitos por trás da necessidade ridícula de pertencer à sociedade, ao aceitável, tentando se mesclar ao máximo à multidão a fim de não serem julgadas ou analisadas por suas imperfeições e particularidades...

Lembrei da imagem do pontilhismo. De longe, figuras lindas... De perto, pontinhos misturados e bagunçados que parecem ser nada ou muita coisa ao mesmo tempo. E não somos todos assim? Pontos e informações justapostas, compondo nossas personalidades tantas vezes incongruentes. Ora isso, ora aquilo...

Consistentes em nossa inconsistência. Em nossa capacidade de variar. Não adianta chegar perto e concluir que dali somos todos loucos e anormais. Deve-se observar o todo. O tal efeito geral que se forma na retina, combinando as diversas impressões registradas, a mescla das cores... O quadro, e não as partes que o compõem.

E então percebo. Uma senhora tomando sol num toco de concreto na esquina. Um cachorro esperando para atravessar a rua. Um mendigo abordando outra senhora, que se afasta assustada dizendo “não tenho!”. E a normalidade que meus olhos ainda não acordados até então enxergavam abre espaço para a realidade.

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