sábado, 25 de agosto de 2007

Verdades, inverdades e outras tantas possibilidades...

Exercício literário. Parar de buscar uma explicação lógica para as coisas e começar a enxergar as infinitas possibilidades que uma mesma cena apresenta. Nenhuma verdade é absoluta.


Trilha sonora no MP3, passo pela porta de um bar e vejo um casal. Ela catatônica. O choro parecia preso, engasgado. Mas a intenção estava ali. Olhava pra baixo, pra mesa. Os braços meio cruzados na frente do corpo. Ele com uma cara mais tranqüila. Olhava pra ela, mas o corpo parecia afastar-se da menina. Mesmo quando botou seu braço sobre o ombro dela, ainda assim parecia distante. Parecia estar fazendo aquilo para seguir um protocolo esperado, quase sem emoção real.


E esta análise supostamente imparcial já vem carregada de “assumismos”. É totalmente privada de imparcialidade. Qualquer um que a ouvisse ou lesse pensaria, ao menos em um primeiro momento, na mesma coisa. Coitada... Levou um pé na bunda... E ele nem gostava mais dela. Só que ela ainda gostava dele, dá pra ver. De repente, nem imaginava que aquilo ia acontecer. Estava toda feliz e... Calma lá... Tá vendo como é fácil começar a viajar e se perder na história de algo que nada mais era do que um casal sentado numa mesa de lanchonete?


Mas por que exatamente esta explicação? E se, por exemplo, alguém conhecido da menina tivesse acabado de morrer? E o rapaz apenas estivesse sem jeito por não saber exatamente o que falar diante de uma situação tão complicada como essa? E você já achando que o menino tinha terminado com a garota... E ele tão apaixonado, tentando encontrar uma forma de confortar a amada... Inadequado, talvez, mas cheio de boas intenções...


E se ela simplesmente tivesse brigado com alguém? Uma briga que ela descreveu como sendo a briga do século, com a mãe, a tia que a criou, a melhor amiga, a prima, o cachorro que comeu o All Star favorito dela... E justo ela, que tem uma quedinha pelo drama, exagerou horrores as proporções da tal briga. O que ela fez parecer uma verdadeira hecatombe nuclear pode muito bem ter sido algo tão tolo que sequer vale a pena dar trela... Melhor deixar passar. E o namorado, que a conhece já há bastante tempo, está escoladíssimo em tais situações. Sabe que deve demonstrar apoio à sua querida, mas não precisa exagerar... De exagero já basta ela...


Podem ser tantas coisas... E a cada música que a seleção aleatória do MP3 escolhe, as possibilidades se recombinam. E eu poderia ficar horas ali, simplesmente viajando... Mas acho que eles não iam gostar de uma pessoa louca os observando tanto assim... Recolho meus pensamentos espalhados e vou embora.

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